20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo apoia Lei de Identidade de Gênero
Ethel Rudnitzki | Imagem: Facebook Somos uma Família
No último domingo de maio, 29, ocorreu a 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Esse mesma data é consagrada como o dia nacional da visibilidade de travestis e transexuais, que foi tema do evento.
Com o mote “Lei de Identidade de Gênero Já! – Todas as Pessoas Juntas Contra a Transfobia”, aproximadamente 2 milhões de pessoas participaram da edição desse ano na Av. Paulista. O evento durou o dia inteiro, e contou com 17 carros de som, show de música, apresentações artísticas e presença de diversas pessoas famosas.
De acordo com levantamento da organização Transgender Europe (Europa Transgênero), de 2008 a 2016 foram mortas 868 pessoas trans no Brasil. O levantamento é feito através de estimativas não oficiais e aponta apenas a ponta do iceberg de um problema muito maior sobre a violência contra a população trans no país e no mundo. Tendo isso em vista, uma das principais reivindicações da parada foi a aprovação do projeto de lei 5002/13 “que estabelece o direito à identidade de gênero – definida como a vivência interna e individual do gênero tal como cada pessoa o sente, que pode corresponder ou não com o sexo atribuído após o nascimento”. Escrita pelo único deputado federal declaradamente homossexual, Jean Wyllys (PSOL-RJ), em conjunto com Érika Kokay (PT-DF), a proposta garante a realização da cirurgia e tratamento hormonal, pelo SUS ou por planos de saúde, à todos os maiores de idade que desejarem.
Ainda sobre transfobia, houve grande mobilização da comunidade LGBT a favor do direito ao uso do nome social no serviço público, que está ameaçado. O decreto da presidenta afastada que incentiva que pessoas trans assinassem e fossem tratadas com seu nome de identificação durante seu trabalho está prestes a ser vetado por uma proposta do deputado João Campos (PRB-GO) em apoio com outros parlamentares da bancada evangélica.
Também tiveram espaço na Av. Paulista manifestações contrárias a Michel Temer. Manifestantes exibiram bandeiras com o trocadilho “Amar sem Temer” na frente do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), local onde pessoas favoráveis ao impeachment se alocam desde o início do ano. Além disso, trios elétricos levaram políticos de partidos de esquerda opostos ao impedimento da presidenta Dilma e que denunciam o caráter lgbtfóbico do governo do presidente interino. “O Governo Temer não possui a mínima representatividade de minorias, e isso inclui os LGBTs. Perceber que nossas pautas são completamente negligenciadas por um governo que, além de ilegítimo, tem total apoio de setores religiosos e conservadores da sociedade é um explícito retrocesso para nós. Exemplo disso é o rebaixamento do Ministério dos Direitos Humanos à Secretaria”, explicou uma das protestantes, Isabella Pereira.
A parada também agitou as redes socias, pela campanha #chegadetransfobia. Por meio dessa hashtag, fotos e textos em apoio à luta dos transexuais e travestis foram postadas, aumentando a visibilidade para esse tema tão marginalizado.