11 Artistas Indígenas para você conhecer e favoritar!
O início de fevereiro é reconhecido como o dia nacional de luta dos povos originários. Para além dos desafios territoriais, os povos indígenas enfrentam, ainda nos dias de hoje, problemas com racismo, preconceito, violação aos direitos das mulheres indígenas, falta de acesso à saúde e serviços públicos, além da alimentação escassa e pobre em nutrientes. No entanto, existe uma potência ancestral que permite que a resistência se mantenha, e toda essa potencialidade pode ser vista nas diferente formas de arte desses artistas que trouxemos aqui, veja essa lista de artistas originários que trazem narrativas sobre vida, pertencimento e vivência.
Por Vitor Ranieri
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1-Kaê Guajajara
Nascida em Mirinzal (MA), Kaê Guajajara, 27 anos, se mudou para a favela da Maré (RJ) ainda criança e teve sua vida marcada por preconceitos por causa de sua origem. Foi natural, então, que o protesto contra o silenciamento dos povos originários ficasse evidente em sua arte. Seu primeiro EP, “Hapohu”, de 2019, mescla beats e histórias sobre a sua própria experiência. “Cantar músicas politizadas é uma forma de denunciar a situação que os povos originários estão vivendo. Sua participação em grandes festivais da américa latina em 2022 trouxeram o anunciamento de novas músicas com narrativas de afeto e empoderamento que serão fio condutor do seu segundo álbum de estúdio, previsto para ser lançado no 2° semestre desse ano. Acompanhe o trabalho de Kaê.
2-Wescritor
Weslley Amaral dos Santos, o Wescritor, tem 24 anos e é um tupinambá na Baixada Santista. O rapper aborda pautas indígenas e reverbera ancestralidade nas rimas. Transita entre letras de resistência, reflexivas, sobre amor e sentimentos. Nascido e criado em São Vicente, aos 18 anos mudou-se para Santos, onde mora atualmente. O artista se jogou de cabeça no mundo da música em 2019 e desde então, além de singles, o artista já possui clipes marcantes, como ‘’Caos Indígena’’, ‘’Modificado’’ e ‘’Exemplo’’. Ano passado Wescritor lançou o 2º álbum intitulado ‘’LADO 13’’, que de uma forma verborrágica traz toda a sua vivência com potencialidade e uma lírica sagaz. Acompanhe o trabalho de Wescritor.
3-Ian Wapichana
Descendente de uma família de compositores, escritores e poetas, Ian descobriu-se também artista tocando nas ruas de Brasília. Hoje, aos 23 anos, tem na ancestralidade o fio condutor para as mensagens de paz e resistência que transmite por meio de músicas como “A Viagem”, lançada em 2020 em dupla com o artista indígena Wescritor Tupinambá. “Crio o que eu chamo de nova MPB”, diz Ian, que faz parte da enorme rede que compõe a cena da música indígena contemporânea. “Nos últimos dois anos, principalmente, iniciativas como a Rádio Yandê, perfis no Instagram e canais no YouTube têm ajudado a divulgar os trabalhos dos artistas. É uma retomada para nós que nunca tivemos visibilidade”, afirma. Acompanhe o trabalho de Ian.
4-Nativos MCs
Os rappers Macc JB, Urysse Kuykuro e Pajé MC formam o grupo Nativos MC’s, surgido na aldeia Afukuri, da etnia Kuikuro, localizada no Alto Xingu (MT). O trio debuta no mercado fonográfico com o single ‘’Tente entender’’, lançado na sexta-feira, 28 de janeiro de 2022, pelo selo Azuruhu. Outros três singles foram lançados ano passado, sendo eles: ‘’SOu Kuikuro’’, ‘’Trap indígena’’ e ‘Mitote’’. Acompanhe o trabalho dos Nativos MC´s.
5-Brisa Flow
Filha de imigrantes chilenos, com sangue da etnia Mapuche nas veias, Brisa Flow é cantora, musicista, compositora, poeta, performer, produtora musical e ativista. Um dos principais expoentes do futurismo indígena no Brasil, mistura, em seu som, a levada latina com rap, eletrônico e neo/soul. A artista tem parceria com rap belo-horizontino Djonga e posui aclamação pea crítica da música independente. Ano passado a artista lançou seu terceiro álbum de sua carreira intitulado Janequeo. A obra, inspirada na história da guerreira indígena, fala sobre amor, coragem e autonomia. Dirigido pela própria cantora, as músicas contam com produções que misturam rap com outras vertentes eletrônicas e de raízes originárias. Acompanhe o trabalho de Brisa Flow.
6-Kandu Puri
Kandu é um indígena do Rio de Janeiro que vive em contexto urbano, assim como um total de 40% de indígenas no Brasil. Aos 25 anos, ele já viveu em diferentes lugares da Zona Norte carioca, mas foi nas suas passagens pelo Morro da Providência e Complexo da Maré que ampliou seu contato com os movimentos de poesia marginal, poesia de rua, slam e rodas culturais. O artista possui parcerias com a sua cantora Kaê Guajajara e Wescritor e na faixa “Indígena Originário RJ” ele denuncia violências de hoje e ao longo da história dos povos originários. Acompanhe o trabalho de Kandu.
7-Renata Flores
Renata, uma das únicas artistas que não são brasileiras aqui da lista, porém, é a artista que o colunista mais tem ouvido esse ano, e traz em sua musicalidade uma mistura pouco vista em artistas da cena latina. Renata Flores tem apenas 19 anos, mas já é uma estrela. Aos 14 anos, ganhou notoriedade em seu país ao participar da versão peruana do The Voice Kids, mas viralizou internacionalmente quando sua mãe, Patricia, decidiu postar no Youtube um vídeo de Renata interpretando a canção The Way You Make Me Feel, de Michael Jackson. Seu mais recente single intitulado “Juntos Sonamos Mejor’’ é uma obra prima do Indie Andino da atualidade. Acompanhe o trabalho de Renata.
8-Owerá
Considerado um dos primeiros artistas de rap indígena solo no país, O͛W͛E͛R͛A͛ é morador da aldeia Krukutu, localizada na Zona Sul de São Paulo. O rapper lançou seu primeiro disco, My Blood Is Red, cantando em português e em guarani, aos 17 anos e já dividiu composições com Criolo. Seu último lançamento ‘’Mbaraeté’’ lançado e 2022 traz o artista com uma musicalidade mais experimental e mesclando uma rima consciente. Acompanhe o trabalho de Owerá.
9-Katú Mirim
Da etnia Boe Bororo, Katú Mirim é cantora, compositora, atriz e ativista das causas indígena e LGBTQ+. Com o trabalho voltado para o rap e o trap, ela traz, em suas composições, as lutas indígenas e o empoderamento feminino e LGBTQ+. Katú já marcou presença em grandes festivais da música brasileira e conta com indicações na premiação WME. Seu último lançamento intitulado ‘’Pemba’’ é uma afirmação da trajetória de Katú nas provocações do seu corpo na urbanização. Acompanhe o trabalho de Katú.
10-Suraras do Tapajós
Surgido em 2018, no Pará, o grupo de carimbó é formado por mulheres indígenas. Uma de suas integrantes, a cantora Thaline Karajá, encantou o país ao participar do programa The Voice, em 2020. A música do Suraras do Tapajós busca o empoderamento feminino e o combate à violência e preconceito contra os povos indígenas. Acompanhe o trabalho do grupo.
11-Brô MC’s
Considerado o primeiro grupo de rap indígena do Brasil, o Brô MCs surgiu entre as aldeias de Jaguapirú e Bororó por iniciativa de Bruno Veron, Clemersom Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto. Os quatro músicos da etnia guarani-kaiowá e naturais de Dourados (MS) misturam Guarani e português em rimas que pautam a identidade indígena e o direito pela terra, mas também discutem temáticas como o consumo de drogas e os altos índices de suicídio no interior das aldeias. Acompanhe o trabalho de Brô MC´s.
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